Deixo abaixo um texto muito interessante do embaixador Marcos de Azambuja, onde a frase "estamos recriando o mundo" me parece extremamente correta para o momento atual.
Otimismo
Marcos de Azambuja: “Estamos recriando o mundo”
A frase sintetiza o atual momento em que vivemos na opinião do embaixador Marcos de Azambuja. Aqui, ele fala sobre a nova safra de líderes, meio ambiente e China.
O carioca Marcos de Azambuja, de 74 anos, fez carreira diplomática no Itamaraty, atuando como embaixador do Brasil na Argentina (1992 a 1997) e na França (1997 a 2003). Experiente negociador para temas espinhosos, como desarmamento, integração regional e desenvolvimento sustentável, o embaixador também é um conhecedor das boas práticas de governança corporativa. Atualmente, é membro do conselho consultivo da PSA (Peugeot-Citroën), vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e palestrante profissional. VOCÊ S/A foi ouvir Marcos de Azambuja para saber sua opinião sobre a crise, a nova safra de líderes que está chegando ao poder e a China. Confira trechos editados da entrevista.
Qual a melhor maneira de encarar a crise?
As pessoas têm de focar no pós-crise. Pensar, primeiro, no que fazer quando ela começar a perder força e, depois, estar preparadas para quando o mundo se reorganizar. Esta é uma crise grave, mas virá um novo mundo.
Que mundo novo é esse?
Por ser emergente, o Brasil tem condições de aproveitar a crise para mudar seu patamar de inserção internacional e sair mais alto do que entrou nessa pirâmide — o que era impensável décadas atrás.
A Geração Y (nascidos após 1980) tem uma visão equilibrada do que está acontecendo?
É da natureza do jovem o sentido de urgência, a vitalidade, a pressa, a ambição. Não se pode pedir ao moço que ele seja outra coisa se não moço. Isso seria negar sua própria condição. O que a nova geração deve levar em conta é que há períodos em que pouca coisa acontece e o tempo parece andar mais devagar, e há períodos em que as coisas andam muito depressa. E a crise é mais um acelerador do que um retardador.
Existe um glamour em torno da carreira global. Afinal, o brasileiro gosta de sair do Brasil?
Primeiro, nós temos um país tão grande que boa parte dos brasileiros não quer sair daqui. Tendemos a olhar para o nosso próprio umbigo. Segundo, nós falamos uma língua que não é universal. Terceiro, somos criados com uma ideia de que o Brasil se basta, e esse ufanismo eacute; muito nosso. Então temos uma permanente tensão entre o brasileiro internacional e aquele que vive exclusivamente a realidade nacional.
Quais são as virtudes dos executivos brasileiros?
Ser flexível e aberto, porque tudo o que não somos é um país rígido. Aqui é permitido umdinamismo social indispensável para que pudéssemos entrar num ciclo virtuoso de uns anos pra cá: primeiro acertamos a mão no processo político, com o restabelecimento da democracia no final dos anos 80, depois no processo macroeconômico, com o Real e a racionalização da economia. E agora com a política inteligente de inclusão social, que incorporou numa base de prosperidade e de riqueza real um segmento da sociedade que estava totalmente esquecido.
Muitos presidentes de empresa estão entusiasmados com a economia da China mesmo na crise. Ela vai substituir os Estados Unidos?
Há uma China que transmite grande otimismo. Incorporar 600 milhões de pessoas numa sociedade de consumo é um ganho extraordinário. O outro lado da moeda: mais de 800 milhões de chineses vivem no campo, em pequenas aldeias. Essa parcela da população está fora da civilização urbana. Há uma China das luzes e outra das trevas — e ambas coexistem. O mesmo se dá na Índia. Mas o fato central é que nos últimos anos o país é o exemplo mais brilhante de dinamismo econômico. O Brasil precisa explorar mais as parcerias comerciais com a China.
Há semelhanças com o Brasil?
Considerando as economias emergentes, o Brasil fez melhor o dever de casa do que os outros países. Já incorporamos as populações rurais às cidades, e até por isso temos o problema do caos urbano. Mas a ciência e a tecnologia na China e na Índia estão mais adiantadas do que aqui. No entanto, a nossa sociedade é mais harmoniosa do que as dos outros países emergentes.
As consequências do crescimento global acelerado são os danos ao meio ambiente. O senhor vê soluções?
Hoje as pessoas querem qualidade de vida com sustentabilidade. Não sou pessimista. Acho a capacidade de criação humana mais veloz do que a de destruição dos recursos físicos. Nós vamos encontrar, pouco a pouco, maneiras de fazer mais e melhor causando menos danos ao planeta. Mas há pavor em relação a esta questão. Estamos às vésperas de novas revoluções industriais, científicas e tecnológicas grandes — informática; genética humana, vegetal e animal; telecomunicações. Estamos recriando o mundo. Ser jovem hoje é melhor do que quando eu era moço, porque as fronteiras estão mais amplas.
LIGA DAS FLORESTAS - O GREENPEACE CONTA COM VOCÊ
EM BRASILIA DEZENOVE HORAS .... A HORA DO BRASIL AINDA CHEGARÁ
25/05/2011 - 20h13
Aprovação de Código Florestal foi precipitada, dizem cientistas
A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e ABC (Academia Brasileira de Ciências) divulgaram juntas uma nota nesta quarta-feira que critica a aprovação do Código Florestal pela Câmara dos Deputados.
"A SBPC e a ABC consideram precipitada a decisão tomada na Câmara dos Deputados, pois não levou em consideração aspectos científicos e tecnológicos na construção de um instrumento legal para o país considerando a sua variabilidade ambiental por bioma", ressaltou o documento.
Nele, os presidentes das duas entidades ressaltaram que nunca houve convite oficial do Congresso para que a ABC e a SBPC participassem das discussões sobre o substitutivo da lei florestal.
As entidades criaram um grupo de trabalho composto por cientistas das diferentes áreas e, em fevereiro, divulgaram um relatório afirmando que as APPs (áreas de preservação permanente), como matas em margens de rio, não poderiam ser alteradas --como prevê o texto-base aprovado na madrugada desta quarta-feira.
Nesta semana, os dois órgãos solicitaram ao governo mais dois anos para construção de um código com base científica e tecnológica.
MADE IN CHINA
As consequencias dos efeitos climáticos estão por todo o planeta...
Yangtzé, o rio mais longo da Ásia, sofre sua pior seca em 50 anos
O rio Yangtzé, o mais longo da Ásia e em cuja bacia vive um terço da população chinesa (cerca de 400 milhões de pessoas), enfrenta a pior seca em 50 anos, devido à maior escassez de chuvas desde 1961, informou nesta segunda-feira a agência oficial Xinhua.
As províncias do curso médio do rio (Jiangxi, Hunan e Hubei) são as mais afetadas, já que nelas as precipitações entre janeiro e abril foram entre 40% e 60% inferiores à média anual, destacou o diretor do centro de controle de inundações e secas do rio, Wang Guosheng.
A seca afeta os sistemas de irrigação, o abastecimento de água em algumas regiões e inclusive o transporte fluvial deste rio, uma das artérias do transporte de carga na China, e onde já foram vários os navios que encalharam devido ao caudal reduzido.
Nos próximos meses a bacia do Yangtzé entrará na estação de chuvas, na qual as fortes precipitações frequentes no verão na região, unidas à atual seca do terreno, poderiam piorar esta temporada as inundações, que já no ano passado causaram milhares de mortos na bacia.
A seca obrigou a liberar água da represa das Três Gargantas, situada em seu curso alto e considerada o maior projeto hidráulico do mundo.
O Yangtzé mede 6.397 quilômetros, e seu delta, no qual fica a cidade de Xangai, é a região mais rica do gigante asiático.
Yangtzé, o rio mais longo da Ásia, sofre sua pior seca em 50 anos
O rio Yangtzé, o mais longo da Ásia e em cuja bacia vive um terço da população chinesa (cerca de 400 milhões de pessoas), enfrenta a pior seca em 50 anos, devido à maior escassez de chuvas desde 1961, informou nesta segunda-feira a agência oficial Xinhua.
As províncias do curso médio do rio (Jiangxi, Hunan e Hubei) são as mais afetadas, já que nelas as precipitações entre janeiro e abril foram entre 40% e 60% inferiores à média anual, destacou o diretor do centro de controle de inundações e secas do rio, Wang Guosheng.
A seca afeta os sistemas de irrigação, o abastecimento de água em algumas regiões e inclusive o transporte fluvial deste rio, uma das artérias do transporte de carga na China, e onde já foram vários os navios que encalharam devido ao caudal reduzido.
Nos próximos meses a bacia do Yangtzé entrará na estação de chuvas, na qual as fortes precipitações frequentes no verão na região, unidas à atual seca do terreno, poderiam piorar esta temporada as inundações, que já no ano passado causaram milhares de mortos na bacia.
A seca obrigou a liberar água da represa das Três Gargantas, situada em seu curso alto e considerada o maior projeto hidráulico do mundo.
O Yangtzé mede 6.397 quilômetros, e seu delta, no qual fica a cidade de Xangai, é a região mais rica do gigante asiático.
AMAZÔNIA EM RISCO EXTREMO
Inpe confirma previsão de Amazônia mais quente e seca
A floresta amazônica ficará mais quente e com eventos naturais extremos --como grandes secas ou inundações-- cada vez mais comuns.
Esse tipo de projeção já vinha aparecendo em pesquisas anteriores, mas o cenário pessimista foi corroborado agora por um modelo climático mais sofisticado, levando em conta as características específicas da Amazônia.
O trabalho, feito pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pelo Centro Hadley, do Reino Unido, também incorporou na análise o ciclo do carbono e a dinâmica da vegetação diante das mudanças climáticas.
"Os modelos anteriores consideravam uma vegetação estática, que não reagia às alterações no clima", explica o climatologista do Inpe José Marengo, um dos autores.
Por exemplo, na seca de 2010, estima-se que a mortalidade das árvores tenha liberado 5 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
O cenário agora é de mais secas no sul da Amazônia nos próximos anos e chuvas mais intensas no norte da floresta. Além disso, a mata deve ficar mais rala e aberta, processo chamado de savanização.
Tudo isso, claro, será agravado se o desmatamento não for contido. "Se o desmate aumentar, os impactos na floresta também ficarão mais intensos", diz Marengo.
Os resultados dos novos modelos sugerem que, quando o desmatamento atingir mais de 40% da extensão original da floresta amazônica, a precipitação (ou seja, o índice de chuvas) diminuirá de forma significativa no leste.
Isso provocaria um aquecimento de mais de 4ºC na parte oriental da floresta, com redução significativa das precipitações na área.
INCERTEZAS
De acordo com Marengo, há muitas dúvidas na produção de cenários futuros.
Isso porque não há como saber com precisão qual será a eficácia das políticas de redução dos impactos das mudanças climáticas ao longo dos próximos anos.
"Os tomadores de decisão precisam saber dessas previsões. É preciso reconhecer que o problema pode ter impactos na economia e sociedade", diz Marengo.
Por exemplo, no caso da importante malha fluvial amazônica, "secas extremas deixarão os rios intrafegáveis. Os políticos precisam saber disso", afirma o cientista.
De acordo com o especialista, a publicação dos resultados em forma de relatório, e não em uma revista científica, como seria praxe, foi a forma encontrada pelo grupo para que a informação chegasse aos políticos.
"Aldo Rebelo [relator da proposta do Código Florestal] diz que faltam estudos científicos. Aqui temos um estudo científico afinado com a realidade nacional. A evidência está aí", conclui ele.
A floresta amazônica ficará mais quente e com eventos naturais extremos --como grandes secas ou inundações-- cada vez mais comuns.
Esse tipo de projeção já vinha aparecendo em pesquisas anteriores, mas o cenário pessimista foi corroborado agora por um modelo climático mais sofisticado, levando em conta as características específicas da Amazônia.
O trabalho, feito pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pelo Centro Hadley, do Reino Unido, também incorporou na análise o ciclo do carbono e a dinâmica da vegetação diante das mudanças climáticas.
"Os modelos anteriores consideravam uma vegetação estática, que não reagia às alterações no clima", explica o climatologista do Inpe José Marengo, um dos autores.
Por exemplo, na seca de 2010, estima-se que a mortalidade das árvores tenha liberado 5 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
O cenário agora é de mais secas no sul da Amazônia nos próximos anos e chuvas mais intensas no norte da floresta. Além disso, a mata deve ficar mais rala e aberta, processo chamado de savanização.
Tudo isso, claro, será agravado se o desmatamento não for contido. "Se o desmate aumentar, os impactos na floresta também ficarão mais intensos", diz Marengo.
Os resultados dos novos modelos sugerem que, quando o desmatamento atingir mais de 40% da extensão original da floresta amazônica, a precipitação (ou seja, o índice de chuvas) diminuirá de forma significativa no leste.
Isso provocaria um aquecimento de mais de 4ºC na parte oriental da floresta, com redução significativa das precipitações na área.
INCERTEZAS
De acordo com Marengo, há muitas dúvidas na produção de cenários futuros.
Isso porque não há como saber com precisão qual será a eficácia das políticas de redução dos impactos das mudanças climáticas ao longo dos próximos anos.
"Os tomadores de decisão precisam saber dessas previsões. É preciso reconhecer que o problema pode ter impactos na economia e sociedade", diz Marengo.
Por exemplo, no caso da importante malha fluvial amazônica, "secas extremas deixarão os rios intrafegáveis. Os políticos precisam saber disso", afirma o cientista.
De acordo com o especialista, a publicação dos resultados em forma de relatório, e não em uma revista científica, como seria praxe, foi a forma encontrada pelo grupo para que a informação chegasse aos políticos.
"Aldo Rebelo [relator da proposta do Código Florestal] diz que faltam estudos científicos. Aqui temos um estudo científico afinado com a realidade nacional. A evidência está aí", conclui ele.
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